No rastro das demissões de trabalhadores brasileiros, no mesmo dia o Banco do Brasil anunciou o fechamento de agências e demissão de também 5 mil bancários. O que mais devemos esperar do Governo Bolsonaro?
No caso das demissões no Banco do Brasil, contudo a estatal concederá incentivo para a saída inicialmente voluntária dos funcionários, com indenizações e bônus extras para os demissionários. No que tange à demissão da Ford, o presidente Jair Bolsonaro declarou simplesmente que “lamenta a demissão dos trabalhadores”. Mas, o seu governo não aponta para nenhuma providência em prol dos metalúrgicos da Ford de Taubaté (SP) e Camaçari (BA). A fábrica da Toller em Horizonte (CE), também será fechada até o fim deste ano deixando desempregados mais 3 mil metalúrgicos.
A julgar pelo que está sendo publicada pela imprensa, a saída da Ford do Brasil não é uma grande surpresa, apesar de que o ministro Paulo Guedes, da Economia, só tenha ficado sabendo depois que a notícia foi publicada pela imprensa informando sobre o fechamento das fábricas. Depois de mais de 100 anos que esta primeira montadora de automóveis se estabeleceu em São Paulo, ela a seu bel-prazer dá as costas ao país que a acolheu de braços abertos, deu-lhe incentivos fiscais, até terras na Amazônia para plantar seringueiras e assim produzir borracha para os pneus dos seus veículos. Desfrutou de tudo que foi possível, e nem por isso se decide em enfrentar por mais um tempo à crise cíclica comum a todas as atividades econômicas e à atual pandemia.
As causas são muitas, enumeradas e comentadas pelos empresários da indústria, especialistas, políticos e jornalistas do setor da Economia. Na verdade, para a maioria dos trabalhadores e sindicalistas mais preparados a interrupção abrupta das atividades da montadora é simplesmente conseqüência de “manejos” das grandes multinacionais, que não têm nenhum compromisso com o país onde exploram e muito menos com os seus trabalhadores. Ao sinal de qualquer crise e insegurança na obtenção de seus mega-lucros, simplesmente fecham as portas e metem o pé na bunda de seus “colaboradores” diretos e ignoram seus destinos e de suas famílias, bem como dos prestadores de serviços e mão de obra indireta.
Os altos lucros que encheram as burras de seus acionistas ao longo de um século não contam. Aos operários restam lutar para obterem um mínimo para sobreviverem a um período de desemprego e incertezas sobre seu futuro. Com a extinção destes milhares de postos de trabalho o governo de Jair Bolsonaro expõe o resultado de uma política desastrosa para o povo brasileiro e toda sua classe trabalhadora. A montadora Ford alegou às suas concessionárias que os motivos foram a situação de instabilidade política do país desde 2013, o aumento da capacidade ociosa da produção por conta da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), e a desvalorização da moeda.
“A política econômica do governo federal conduzida de forma desastrosa por Paulo Guedes aponta uma política voltada para especulação no mercado financeiro, pela exportação de commodities agrícolas e uma política agressiva de privatização dos setores estratégicos do país, aliada a uma desindustrialização em massa, que deveria ser revertida com forte planejamento estatal e investimento público”, analisa alguns economistas.
Só para lembrar, no mês passado (17/12/2020) a Mercedes-Benz encerrou as atividades no Brasil, alegando, contudo, que está buscando uma alternativa para os seus 370 funcionários. Até mesmo o presidente da Câmara Federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou em postagem numa rede social que a decisão da Ford de deixar de fabricar veículos no Brasil é demonstração de “falta de credibilidade do governo brasileiro”, além da ausência de segurança jurídica.
O Sintec-ES dá um grito de alerta aos trabalhadores de todo o Brasil. “Devemos organizar as lutas, com manifestações e greves. Além de estar organizados para pôr fim a esse governo e sua política que destrói ainda mais economia e lança sem piedade milhares de pessoas no desemprego”, diz Miguel Madeira, presidente do Sintec-ES, que propõe entre muitas medidas, a conversão de indústrias em crise para produção de equipamentos e insumos médicos para o combate à pandemia e ao desemprego.
“O momento exige dos trabalhadores muita reflexão – e, principalmente, ação. Não fiquemos de braços cruzados. Todos à luta!”, conclama o líder sindical dos técnicos industriais do ES.